mini Deus
Na intenção de escrever um texto sobre escrever (aka metatexto), me lembrei, por livre associação forçada, de meus "tempos de escola" (as aspas para tirar qualquer suspeita de saudosismo desse infame periodo de minha existencia.)
Enfim, lembrei que odiava as aulas de História.
Acho que na realidade nunca tive professores que o valhessem. Tia Marilia, uma senhora tijucana, torcedora do Botafogo, acho, animada, com espirito jovial apesar de seus 50 e algo anos, Seu Bruno, um mineiro doce de boa caligrafia, gago, inteligente, sem qualquer noção de pedagogia e Marcos, um possível psicopata, filho de um ex carteiro, quem sabe um ex militante amargurado, triste, com rancor de todos nós, crianças mimadas e branquelas, descendentes germânicos moradores da zona sul.
Para não me prolongar demais, me concentro na primeira, Tia Marilia. Logo percebi um dos meus primeiros traumas, rapidamente sentido pelos meus naépoca colegas de classe.
Tia Marília. Sempre no Brasil Império, não tinha outra maneira de conter o vozerio dos pequenos burguesinhos (e de dar toda matéria) que não ordenando que cada um lesse em voz alta um parágrafo do incrivelmente chato e pesado livro de História.
Um silêncio coletivo invadia a sala, pois este era mais um desses momentos de provação entre os adolescentes.
Escutar a voz do outro nua na sala silenciosa.
Eu, pessoalmente, morria de medo desses momentos(daí minha aversão às artes cênicas e o palco). Além do costume de gaguejar e errar as pausas de respiração, me invadia uma deficiência ainda maior, originária de outros tempos ou apenas de um desses sistemas de autoboicote que geramos.
Me faltava a voz, não o ar. Ecoa uma frase fraca pela minha garganta que parece dar voltas em si mesma e voltar rindo de mim mesma para minha própria boca.
Quando as suas entranhas são o seu inimigo não há nada mais a fazer
que abafar os berros de uma multidão.
PS: eu ia escrever sobre escrever, mas traumas furam fila e entram na frente sem senha.
Enfim, lembrei que odiava as aulas de História.
Acho que na realidade nunca tive professores que o valhessem. Tia Marilia, uma senhora tijucana, torcedora do Botafogo, acho, animada, com espirito jovial apesar de seus 50 e algo anos, Seu Bruno, um mineiro doce de boa caligrafia, gago, inteligente, sem qualquer noção de pedagogia e Marcos, um possível psicopata, filho de um ex carteiro, quem sabe um ex militante amargurado, triste, com rancor de todos nós, crianças mimadas e branquelas, descendentes germânicos moradores da zona sul.
Para não me prolongar demais, me concentro na primeira, Tia Marilia. Logo percebi um dos meus primeiros traumas, rapidamente sentido pelos meus naépoca colegas de classe.
Tia Marília. Sempre no Brasil Império, não tinha outra maneira de conter o vozerio dos pequenos burguesinhos (e de dar toda matéria) que não ordenando que cada um lesse em voz alta um parágrafo do incrivelmente chato e pesado livro de História.
Um silêncio coletivo invadia a sala, pois este era mais um desses momentos de provação entre os adolescentes.
Escutar a voz do outro nua na sala silenciosa.
Eu, pessoalmente, morria de medo desses momentos(daí minha aversão às artes cênicas e o palco). Além do costume de gaguejar e errar as pausas de respiração, me invadia uma deficiência ainda maior, originária de outros tempos ou apenas de um desses sistemas de autoboicote que geramos.
Me faltava a voz, não o ar. Ecoa uma frase fraca pela minha garganta que parece dar voltas em si mesma e voltar rindo de mim mesma para minha própria boca.
Quando as suas entranhas são o seu inimigo não há nada mais a fazer
que abafar os berros de uma multidão.
PS: eu ia escrever sobre escrever, mas traumas furam fila e entram na frente sem senha.
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