lunes, noviembre 15, 2010

ha um ano em junho.

da janela dele eu via um outdoor sendo trocado. Eram 6:30 da manhã. Ele estava indo embora, a mãe dele na sala, acabou de fazer um suco fresco, de frutas recem prensadas. Vitaminas para o novo dia.
Ele me dava coisas do seu quarto, pareciam souvenirs. Uma blusa e um cartaz, "La mujer sin cabeza". Em español era a mulher loira. No filme ela passava o tempo todo dispersa, sem saber para onde ir, o que a aproximava do mundo era o afeto com outros homens. Coincidência matutina.

A mãe dele pergunta de onde sou, eu digo que sou do sul, e ela diz que já foi pra Argentina. Eu rezo secretamente que ele mude tudo e abra mão de Belgrado e sonhos de adolescência, e vá para o Sul comigo, como seus pais fizeram, quando fugiram para a Argentina.

Às duas ele me diz que me guardaria ali debaixo da cama, para toda vez que ele voltasse. Ou me levaria dentro da mala, e eu teria que aprender sérvio. Eu fico cheia e feliz com essas idéias, parecia perfeito, de acordo.

Tinha uma história de uma carta de amor, de um piloto para sua amada, que o tinha deixado para estar com o seu irmão. O piloto saiu para o seu voo rotinario e morreu. A familia toda comenta da carta como sendo uma carta suicida. Eu achei extremamente romantica. Talvez tenha sido melhor assim, dificil é sentir esse distanciar-se.

Eu contava para que os minutos não terminassem nessa noite. Não me permitia dormir para sentir a lembrança no corpo, aquela memória preservada no coração. Ele iria para longe, e a gente não voltaria a se ver em anos. Ambos naquele momento em um intervalo, entre mundos de nossa vida, até voltar ao pouso. E talvez aí já estaria tudo mudado.
O mundo era redondo, era grande demais.