martes, agosto 18, 2009

renascença

Joana tomava banho, se secava, ia ao trabalho e discutia ao telefone.
Era assim até ir por sete anos ao polo norte.
(Sete é mentira, foi menos tempo)

No aeroporto da Islândia, Joana chorava com o passaporte na mão.
Pensava com voz na sua cabeça: E os sete anos que viveu, as fotos que não tirou, todas as pessoas que conheceu. Guardaria todos esses dias na memória?

Intuiu. Os sonhos foram criados para isso. Jaziguo de emoções, de dias felizes, tristes, sensíveis. Campo minado. Nuvens de algodão rosa se desfaziam no céu.

Mais tarde já no avião, Joana sonhava que acampava na escola.
Tinha um sono leve mas pertinente.
As outras crianças riam, mas ela preferia dormir,
nos céus, sonhava com esquimós.