miércoles, diciembre 26, 2007

finais de 2007

(nota: Se soubesse antes das manias dele, ela nem teria se envolvido, diria. Antes não tivesse contornado em falso no ar o cheiro de seus lábios, molhados contra os dela. )

Quatro semanas atrás;

Caminhavam agora um ao lado do outro pela rua da Glória.
As pessoas a sua volta faziam suas atividades rotineiras das 15 para as 6, um misto de finais e começos de encontros, típicos desses horários mestiços. Amantes ou divorciados.
Nem almoço, nem jantar.

Passaram a estação de metrô e pararam em frente a Benjamin Constant. Ambos continuavam a caminhar lado a lado. Ela exercitava imaginar que talvez ele não estivesse ao seu lado, visto que o silêncio mascarava qualquer interação entre eles. Fosse assim, tudo aquilo seria produto de sua imaginação. Da pedra portuguesa lhe soa uma primeira memória:
"Temos uma relação!"
Disse ele uma vez na cama. Ela tinha seus peitos nus, estando coberta apenas pela sombra de sua perna. Seguiu calada alimentando a conquista do parceiro.
"Não? Se eu te visse com outro acho que não ia gostar."
Silenciaram-se. Tentou guardar o sorriso que lhe saltava.
Esse achar parecia a maior promessa de amor - pensou ela dentro de si.

Agora caminhavam lado a lado e pareciam nada mais que dois desconhecidos aproximados pelo estreitamento da calçada da Glória.