lunes, marzo 17, 2008

cheiros de alfazema

Alguns amores de Joana existiam por sua trilha sonora e cheiro.
Dos amores inventados, dos mais perfeitos e deliciosos, daí, quiçá, sua fugacidade.

Enquanto isso árvores de Rotterdam passavam por eles em câmera lenta, enquanto que ele a beijava de mansinho sob seus cabelos escuros e lisos, desvelando como uma violeta seu pescoço fino e branco.
Cabelos tão diferentes daqueles loiros e curtos das holandesas.
Soava uma música em seu walkman que a embalava. Joana quase se morria de felicidade.
O padeiro daquela rua de nome estranho retirava outra remessa de pão fresquinho. O faria todos os dias, inclusive para Joana e Sebastian. O eslavo e a latina se entendiam graças aos seus cheiros e amor pela música. Seu inglês tortuoso denunciava as linhas de afeto do diálogo de um mundo inventado.

O pulsar quente do sangue de Joana se marcaria para sempre naquela música
e na imagem das árvores de Rotterdam
passando, passando.