lunes, abril 07, 2008

rio 3476

A terra agora estava recostada em si. A América do Sul agora era mais sul do que nunca e ursos e tigres brancos caçavam naquilo que outrora fora o Aterro do Flamengo.
Logo ali no Outeiro dormia uma colônia de sobreviventes, que pela cúpula da igreja subia - em raras ocasiões - para ver a noite vermelha da superfície.
Eu e você já não existiamos mais, pudera, 1460 e poucos anos depois de nossa existência. Uma infinidade de noites de fim de duas eternidades que separavam o presente terreno de uma noite de lua cheia em um mar cor de prata. De quando ainda muito havia plâncton que reluzia. Bichos pequenos e traiçoeiros.
Nestes viu no espelho d'água ao meu corpo alvo nu. Sorriu. Esticou a língua no ar e me lambeu pelo reflexo.

Ipanema agora era geleira pura e carpas de dois metros nadavam sob o gelo. Seu nadar era lento devido à temperatura. Suas barbatanas grandes e viscosas tinham resíduos de matéria e gordura. Talvez jaz aí o algo de humano.