lunes, febrero 12, 2007

o último romance

Imagine esse rapaz;
esguio, estranho, esquisito, estava fumando um cigarro ao contrário.

A situação;
Olhou antes de atravessar a rua e se apaixonou. Ficou do seu lado da calçada.
Parou um ônibus bem em frente e já não transluzia mais.
Lembrou-se que mulheres gostavam de rosas.
Convenção que o lembrava do cheiro de mofo do quarto de sua avó.
Resignou-se.
Nada o repugnava mais do que o cheiro doce de flor vermelha
Que lhe pedissem para cortar-se ao meio, ah, isso seria mais fácil.

lunes, febrero 05, 2007

da primeira

And did they get you to trade your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees? Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change? And did you exchange
a walk on part in the war for a lead role in a cage?

How I wish, how I wish you were here.

E esse foi o primeiro pecado.
Saudades infinitas. Tenho medo que o tempo apague sua memória de a pouco.
(ainda que saiba que boa parte de mim seja você)
e isso também me dá muito medo.

The same old fears,
wish you were here.

domingo, febrero 04, 2007

alejar-se

Ela matou uma pequena mosca
Junto com os fogos de ano novo, sentiu a fina vida escorrer por debaixo do seu dedo
e colar-se ao tampo de plástico branco
(para finalmente virar matéria amorfa na última noite do ano.)

passou-se um tempo
taças de champanhe brilhando ao longe
(porém disseram que no dia seguinte sentiu que algo se havia quebrado)

Aqueles que com ela viviam passaram a não reconhece-la
Os seus atos de pequenas atrocidades mastigavam a moral alheia e tudo que fazia se traduzia quase que propositadamente em ofensa.
Vinham indagar, perguntar, e isso só lhe enraivecia mais, como a um cachorro doente
Latindo, rosnando.

nas noites seguintes, sua mãe dormia no quarto ao lado
chorava baixinho porque tinha medo da filha
e esta
pequena assassina,
apenas queria ser uma garçonete em algum bar.

sábado, febrero 03, 2007

circulo

O que restou?
(...)
e assim por diante, e assim por diante.
Antes de sermos esquecidos, seremos transformados em kitsch. O kitsch é a estação intermediária entre o ser e o esquecimento.

Insustentável Leveza do Ser, M. K.

Não sei dizer bem porque, mas essa é uma das passagens que mais me acalmam e me dão aquele friozinho na barriga, igual àquele da véspera do encontro e dos minutos antes do beijo.

De certa forma é reconfortante que a ordem natural das coisas se resuma quiçá a uma equação de três passos. Dá uma calma para irresponsabilizar-se de nossos sentimentos e gritar, chorar, rir porque não importa, na realidade, não importa.

(quem sabe o que me enternece aqui é a doce melancolia)

Por outro lado, ainda que a verdade eminente seja esse esquecimento, acho que o kistch é um dos estados de maior gozo natural, como o pôr de sol e todas as breguices que mais emocionam o que há de humano. A memória, a saudade. Eu morro de saudades, e não há nada mais gostoso. Morro agora e amanhã já não me preocupa.

Me emociona o peso da irresponsabilidade.