sábado, agosto 30, 2008

fala pra ela

Você se justifica demais, parece. You say too much.

Teu nome me lembra um desenho animado russo. Desses nomes que não são de gentes mas de personagem de fábula. De sonoridade estranha, sem similar ao português. Catalin. Parece nome de um brinquedo de pequenas proas, de pequenas velas, como um daqueles negócios que sopra o vento. Catavento.
Por isso que you say too much. Não me distrói isso agora com verdades, com uma sinceridade quem sabe burra, que você também não entende o português, e traduções vão muito além do que se diz. O vento apenas se sente.

lunes, agosto 04, 2008

Anali

-Afonso.
Sussurrou baixinho do lençol. Fazia um pouco uma voz infantil, tinha a cara inchada de sono, acostumada, dormiu com a cara prensada entre o ombro dele e seu travesseiro.
Rastejou um pouco pra fora da coberta, como um animalzinho, os animaisinhos que somos Afonzinho, ela fazia assim com a voz, dizia também no diminutivo que era pra no fundo incomodar um pouco a ele.
Ela beliscava com seus molares, tinha sua boca envergada, um pedaço de cotovelo, mordia e escrevia em si coisas suas, ainda acordando. Ele fazia dormir, mas a respiração já não era em compasso de dois, e Anali já não acompanhava, tinha cara de sono e seu pulmãozinho quase não ressoava.
Não Anali, dizia seu olhar.
Anali brincou de ingênua. Ela parou um pouco pra perguntar o que fora.
Foi aí, com a boca recostada, que a terra congelou. Abriram-se dois oceanos e uma ilha em plena Guanabara.