martes, abril 27, 2010

lembrança

quando eu tinha 13 anos, um menino me perguntou

Porque as meninas não gostam que apertem o bico do peito,
se dá tesão.

E eu que só queria um beijo, ri.

dark

Ouviu um tiro no meio da tarde.
Era um prédio de poço, seu apartamento dava para mais cinco.
O tiro tinha ecoado do lado direito, era um tom alto e estridente, som que leva o ar consigo, engolidor de ar.

Não escutava nem buzinas nem ambulâncias,
já começava a pensar que talvez não fosse nada daquilo.

Pensou por último; Às vezes coisas morrem, e a gente não fica de luto.

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domingo, abril 25, 2010

Always Beatles

"lets all get up and dance to a song, from before your mother was born.
Your mother should know."

memory

Pontes de palavras.
Postes de luz.
Primeira.

Putas, publicações, Paris.
Privações, passados, pássaros,
pícaro,
ponta,
ponto.

Sons soniferos, sinceros, solidez, solidão. Sorte.

sábado, abril 24, 2010

amor platonico

Decorei uma vez todas as ruas da Selva de Pedra.
Eu tinha 16 anos, morava em laranjeiras, demorava muito o trajeto de ônibus.
Saltava em frente ao cinema, na Carlos Góis, e descia por esta mesmo até a Humberto de Campos.
Depois andava para a esquerda, em direção à praça da Cobal do Leblon, que sempre me parecia estranha, não sei porque.
Lembro da primeira vez que li o nome da rua "Fadel fadel", gravei de vez na memória.
Dali andava, pelas pequenas ruas da Selva de Pedra, edificios grandes e iguais, sons de televisão de domingo.
Entrava na Padre Achotegüi, incomparavel com a beleza de Fadel fadel, mas era aonde o acaso poderia estar. Era uma inocencia absurda.
Andava por aquela praças por horas,
e esquentava o corpo pensando nele,
podiamos nos esbarrar.
Não pensei no que diria. Era como se não fosse isso, duas vezes Fadel.
Repetição.
Pique esconde.
Ele em seu apartamento, eu a espera, rondando a rua.

lunes, abril 19, 2010

um sonho

Aprender a engatinhar.

Cadê teu sonho menina?

Acordou, bocejou.
Tinha esquecido, mas aquela manhã lembrara,
que tomando café, sua mãe lhe dizia
que seu nome seria Alice,
mas que mudaram de idéia de última hora.

Numa espécie de corrida de gestação,
a filha de um colega dos seus pais já tinham recebido a sua Alice,
e Eva, atrasada, teve que ser renomeada.

Desde pequena, Eva já sabia,
que sua vida não seria reta
os planos estariam sempre mudando.

miércoles, abril 14, 2010

sombracelhas

Tenho como as de meu pai.
Grossas, volumosas. A dele eu lembro, que eu fazia dar voltinha
e aí ele ficava igual ao diabo,
se o diabo existisse,
porque pareciam dois chifrinhos.
E ria, para logo se ajeitar.

Os meus olhos são sombreados, brilham no escuro, como dois vagalumes.

lunes, abril 05, 2010

A história de Chicão

Era tarde de quinta feira,
e chovia já há dias em Pedro do Rio.
Francisco foi o primeiro da família a dormir. Sonhava estar só, em paz.
De vez em quando acordava com os latidos da cachorra, Laila, uma viralata de 8 anos, com medo do escuro.

Acordou às 3 da manhã aquela madrugada. Até a cadela dormia. Sua mulher estava em frente a televisão, e sobre a mesa, contas.
Os filhos dormiam tranquilos no quarto.
Francisco respirou o ar úmido da manhã por vir, juntou suas coisas.
Abriu calmamente a porteira, quase certo que Laila o escutara. Condescendeu.

A última vez que o viram foi andando entre as árvores do condomínio.
Na manhã seguinte, os primeiros raios de sol o encontrariam dependurado em um pinheiro.

História verídica.

A família se mudara, Laila, latiria em outro canto.