lunes, junio 30, 2008

Albertina

Ela morava no Humaitá,
mas toda vez que pegava o metro para o Catete se lembrava do bafo sujo de Aristeu.
Logo pela manhã, da maconha que fumou antes de dormir e impregnou as narinas e a boca.
Ria porque os dois tinham nome de velho,
e juntava sem querer partes dele com as suas.
Seu anel de coco, seu all star encardido, um chapéu de carnaval pendurado no banheiro da kitinete.
Aristeu era mais velho,
mas precisava de mais liberdade. Albertina era menina
mas já não sabia mais brincar de coisas bobas.
Agora guardava bugigangas.

domingo, junio 29, 2008

consolação

Escutava agora do quarto sons da casa. Alguém ligava o forno e fritava na frigideira.
A areia de Botafogo ainda guarda um pouco do breve simultâneo,
sim, e por isso ainda finge que dorme, seu corpo dói. Simula na sua cabeça primeiras palavras.
Algum resto jaz ali entre os travesseiros amontoados.
São dois estranhos,
dois corpos.
Não fazia sentido tentar comunicar,
e pensava para si o quanto de corpo inteiro estava. Tudo já era uma grande lembrança.
Uma anedota. Areia da praia impregnada nos lençóis.
Fica difícil de dormir sobre pontas de areia.