domingo, mayo 31, 2009

urros

Ana sempre grita quando bebe,
não sabe se grita por ela ou por falta de energia no mundo.

Numa mensagem de garrafa lê-se " As pessoas se acostumaram a falar em referências ".
Ana é cada vez mais uma espécie em extinção.

(semana passada subiu uma onça na árvore.
Se comportou como um gatinho, porque a floresta em que vivia, agora ardia em chamas).

sábado, mayo 30, 2009

onomatopeias

qual o nome do som que a parede solta quando faz muito calor,
quando eu escuto da minha cama um passaro silbar
no exato momento em que eu suspiro ar.
Como se chama o adverbio
que diz como estou me espreguiçando,
justamente da parte do meu dedão ao mindinho,
quando no quarto faz muito calor, e ele dorme sobre minha perna
dormente.

Borges dizia que tudo no mundo só pode estar uma vez.
O duplicado só pode existir depois.
Tudo do presente não tem nome imediato, senão não existia.

João diria e logo Maria se apaixonaria por outro.
Porque a palavra amor não pode existir antes.

Daí, o vocabulário é sempre
uma natureza tardia.

viernes, mayo 29, 2009

ciumes

A medida que as horas passam,
me dou conta de que não nos voltaremos a ver.
Nesse sentido a vida é, às vezes, um filme.
Algo com começo, meio e fim. Muitos filmes numa mesma vida. Muitas vidas em um filme.
De volta aa narrativa clássica.

miércoles, mayo 27, 2009

surpresas (contenho as minhas bochechas)

Na manhã de sábado caiu um francês na minha cama.
Ele era lindo, doce e me chamava de linda. E gostava de Tom Zé.
Tinha um sorriso de menino, mas sabia ser homem quando lhe tocava (ser).

A coisa durou apenas cinco noites, pois a gente só se beijava na minha cama,
nos nossos idiomas cruzados,
a gente se entendia o suficiente.
Brega. Kitsch. Je veux, aller aller, aller.
Da construção de uma intimidade de palavras sem sentido.
De repente eu abraçava a ele,
e ele de volta a mim,
mas já de uma maneira terna,
havia um ciúme, uma posse.

Os dois notaram que algo saltava da cama, e que dai, os afagos seriam mais sinceros.
Nesta noite dormimos lado a lado como dois amantes, profundamente,
aceitando o corpo do outro.

Foi embora sem se despedir direito de ninguem, hoje de manhã.
A sorte é que vi num filme um personagem fazer isso anteontem.

Pessoas meteóros.

jueves, mayo 21, 2009

pensa outra vez.

(Impossível, Cairo era uma cidade inventada.)

Os cientistas pesquisam a partícula que gera matéria.
Uma particula que chamavam vulgarmente de partícula de Deus. Salva qualquer ironia.

Pois bem, a verdade é que nessa partícula vivem dois dragões em um oceano.
Cada vez que um dragão mordia o rabo do outro, o segundo rugia.
Esse som pulsava na água, que até então era infértil. O oceano era grande, mas os dragões eram brincalhões, gostavam de se morder.

O som dava o ritmo das coisas, e a partir dai, surgiam os primeiros carbonos.
Era um som bem profundo, a nota mais baixa jamais emitida, impossivel de ser ouvida.
Da primeira melodia.

Sua imaginação continuava fértil.

não tinha

Já não tinha alguns receios.
Ficou uma semana de cama, com febre, achando que tivesse endoidecido.
Pensou: De repente viu que tinha cruzado uma barreira invisível.

Talvez fosse o tempo. Mas acreditava nos tempos de Borges, tempos ciclicos, de Cesares e Minotauros, caminhando por Nova Iorque, comprando bolsas falsas em Florença, fazendo piramides por Cairo.

Volta.
Tinha certeza que ainda sentia a sua pele e seu corpo.
Seu coração batia mais comedido, mas batia com segurança, e ritmava com o piscar dos olhos.

domingo, mayo 17, 2009

simples

Aprendendo a simplificar a minha felicidade.
Em busca de um pouco de Matéria. Carne viva, em existência.

viernes, mayo 15, 2009

universos

Ela tinha tanta luz dentro de si que revirava na cama.
Alguns vulcões explodiam em seu estômago de vez em quando. Era quando os mundos trocavam de eras, e dentro dela, dinossauros desapareciam e pulverizavam em estrelas coloridas.

E palavras surgiam,
e homens nasciam.

Agora recosta e dorme em posição fetal. Sente saudade dele.

miércoles, mayo 13, 2009

felicidade

Continua criança, tem certeza disso.
Tenho certeza de viver as mais profundas emoções.
Não falo de fantasmas, não os conheço.
As memórias são imagens sempre vivas.

domingo, mayo 10, 2009

outros dialogos

Ela sorria de repente,
tinha na boca um sorriso,
Os lábios cor de canel.

Viu doçura no outro.
Viu alguém, tão dificil ver, pensava e sorria
as pessoas estão muito opacas hoje em dia.

Sorria por sua mais genuina ingenuidade.

cats in the night

Espia, espreguiça, espera, estornoa.
Duas notas, dó e fá.
Compassos das chaminés.
Gatos negros saltam pelos telhados quando ninguém vê.
Desenho infantil, fecha os olhos e neva.

É que amores impossíveis se realizam nos sonhos daqueles que cantam.

Inventa melodias com palavras soltas.
Músicas em si. Corpos em pó.

sábado, mayo 09, 2009

outra

Se ela fosse inventar uma paixão,
seriam os dois agora abraçados, mudos.
As mãos dele tocando o seu umbigo,
uma cosquinha,
o centro do mundo.

Império romano, julio césar e cleopatra.

sens titol

algumas cousas ela sabia.
Escrever errado
que não queria viver para sempre
que o humor lhe tocava o coração
e que a melhor coisa era sentir-se viva com os dedos cheirando a cigarro.
Gostava de acordar com o corpo dolorido
de despertar com sua cara amssamada.
Amassada, e prometer-se um novo dia.
Porque vivia cada dia. Como cada dia.
E quem sabe essa era uma epifania mundana,
mas para ela,
significava a maior das liberdades.
Acrescenta;

- despenso coerências. Quer um mundo natural. A natureza uiva, ruge, queima, termina e renasce. Quase sempre em forma de uma flor.

viernes, mayo 01, 2009

wake up alone

De dia ela se mantém ocupada com as mãos e os olhos.
Os olhos perseguem as mãos, pelos pratos, pelos cantos, pelo sovaco, pelo cabelo que se penteia.
Que é pra construir uma imagem vaga, plana, papel que cobre.
Evitar pensamentos.

Isso tudo até o sol se por,

de noite
ela sempre sonha.