sábado, marzo 28, 2009

suicidios

Perigoso é olhar um pouco além da borda.
É ver-se em espelhos outros, é constatar distâncias, viver.
Não há nada mais mortal que a própria vida. Vivo e arrisco cada segundo.É besteira, é pura respiração. Besteira é mundano.

A segunda morte é a música.
É que nos lembra da nossa vida anterior a toda essa bosta mundana.

E assim, lembro aas vezes de voce.

Te queria. Te amava. E essa saudade é que não dá conta do tempo.
Essa distancia perto cria um vacuo do tamanho da Ásia.
E essa é a graça.

jueves, marzo 26, 2009

ficção

Em marte existem piscinas salgadas subterrestres.
Numa delas nada minha mãe com 15 anos. Ela olha pra segunda lua e faz um desejo.

martes, marzo 24, 2009

hoje

Patrícia cansou de mentiras.

Saiu pisando em nuvens, pois agora sua vida pertencia somente a ela.

domingo, marzo 22, 2009

micro relato

azul escuro, lençol, janela, estrada, espelho, reflexo, escuro, sons do corredor, teclas e carros, ventilador, janela fechada, escuro, azul, escuro, portas fechadas, ventanas cerradas, oscuro, azur, azur oscuro. Los coches afuera. Oscuridad adentro. Azur.

Das manhãs noturnas.

lunes, marzo 16, 2009

posmodernidade

Tudo era hipertexto, nada daquilo era seu. Fragmentos, dados, jogados, embaralhados. Ruga de plástico de uma chinesa que nunca conheceu. Puros índices, mas não os seus.

E para falar com amigos usava a virtualidade. Para ver fotos tocava botões com o dedo.
Via pelo Google Earth paises distantes, piramides, a muralha da China.

O mundo visto por Deus, de um Deus só.

Seu espelho estava rachado, e a única maneira de ver-se era com a câmera imbutida do computador.

sábado, marzo 14, 2009

no muro

Por cima do muro vi a cor do céu. Estava azul dágua, cheio de nuvens brancas penteadas pelo vento, como meninas de dez anos correndo pela casa.

Friburgo, cheiro de mata. São as nuvens, malditas mesmas nuvens. Passaram-se anos, mas quem sabe haja outra de mim agora ao mesmo tempo, em Friburgo olhando o céu, por cima dos pinheiros da floresta. Uma pequena Eva olhando pro céu em 1993.
Dezesseis anos atrás.

Lembro que era tarde de segunda-feira.
A mata começava a virar só contorno, e a sombra das folhas buracos fundos, densos, azuis escuros.

Minha mãe me chamava pra jantar.

Era cedo, fazia sol. Mas era verão, noite clara.

Na segunda vez que me chamava, corria pra casa largando tudo no quintal.

Sem olhar para os buracos da mata.
Já sabia de pequena; não se olha para abismos.

viernes, marzo 13, 2009

dos homens

No sábado se despertou com um pouco de ressaca, e enquanto se espreitava para ver as horas, avistou um rapaz em sua cama.

Sabia quem ele era, mas o mais estranho, era não ter som a sua respiração.

Aquilo estava errado, pensou. Não sabia porque, a princípio.
Mas claro estava, dali não ia sair mais nada do que aquela noite de ontem.


Hoje, me dou conta.
No geral, me interessam as pessoas que expressam vida.

sobre bichos

É impossível devolver uma onça de cativeiro ao seu habitat natural. Sem a mãe, ela simplesmente não aprende a caçar. Na natureza não há mãe substituta.

Quase Borges. Do jornal o globo.

jueves, marzo 12, 2009

estagiario do globo

O horóscopo tá o bicho.



Leão - de 23/07 a 22/08 - regente: Sol
Se você andava em dúvida sobre os questionando seus sentimentos ou sua capacidade de amar verdadeiramente neste momento tais sombras desaparecem. Hoje você está animado e os sentimentos se expressam com facilidade. Só para lembrar: sem cobranças ou desconfianças.

("sobre os questionando..." momento exato em que o estagiário recebeu o santo)

miércoles, marzo 11, 2009

( _ )

as pernas sim que tem saudade,

de tremer de tanto sexo.

suar desejo.

um próximo amor

pergunto, dentro de mim,
se algum dia amarei de novo como já amei.
Quem sabe eu chorei todas as vezes por isso. Com o medo de perder essa capacidade. Egoísta, somos egoístas. E eu os culpava em vão.

Pergunto,
se as escamas se condensaram depois de tanta cicatriz.

Pode ser horrível escrever, mas escrever é isso, é também visualizar o que não se faz.

Penso em escrever: abriria com uma faca de cortar pão uma brecha em minha pele seca
e deixaria um pouco sangrar para haver algo maior.
Porque há, tem que haver. Senão como que as pessoas ficam com 80 anos?

O tempo é um menino que joga bola no subúrbio.
Rio pra vida, ela ri pra mim.

lunes, marzo 09, 2009

epifanias

Fumei maconha e escrevo.

Primeira; as pessoas tem muito medo da vida, quando na verdade o medo maior é de uma solidão, de não saber pertencer a algo que te invade, que te aponta a cada momento.

Pela pele;
Você tá vivo seu mané. Você tá vivo.

A sua pele exala uma alguma força contra o 10 x g da massa gravitacional que pulsa em cada pontículo de pele que cresce pra fora. Essa força/contraforça é o que nos mantém inteiros.

Pois é então por isso que em Júpiter seriamos como massa de tomate prensada contra o chão. A gravidade nos aplastaria com tamanha violência, que Deus nem saberia o que cesso toda a vida humana.