domingo, enero 31, 2010

novela vaga

Geovanna viajou o mundo. Tinha o nome da sua avó italiana, e no verão passado chegou até a passar por lá, uma cidadezinha, perto de Trento.
Depois viajou pela Hungria, pegou carona com egípcios na Sérvia, e terminou num barco rumo a Marrocos. Nunca mais veria aquelas pessoas, e essa era a graça.

Escreve do seu apartamento em São Paulo. Pensa em publicar um livro de viagem, um diário de bordo. Como ponto fixo neste mapa mundi, tem o apartamento da família. Como única neta, herdou dos avós uma cobertura dotada de vista, uma bela vista, dentro das possibilidades da cidade. Para São Paulo, ter horizonte é luxo. Geovanna possui um de 180 graus, pois mora perto do aeroporto, a 30 minutos.

Sonha bastante que voa. Pensa às vezes como seria vender tudo o que tem para viver viajando. Até enlouquecer.

martes, enero 26, 2010

liberdade sexual

Se fosse por mim, mulher não trabalhava não.
Até me arrisco a aprender a cozinhar, e ficar perto do fogão.

Antes dona de casa, do que carreirista capitalista.

lunes, enero 25, 2010

ele falava

Qualquer coisa que lhe perguntassem, o menino respondia algo alegre e contente.
Que de menino nada tinha, acabara de cumprir 32.
Era capricorniano, e tinha um ar solícito e leve.
Usava sempre uma camisa, Have a Nietzche day. Susana sempre sorria quando o via.
Sentia uma onda de calor pelo seu corpo, as palavras já não controlava bem, era bom sempre ter algum outro motivo.

E quando ela ligava, por esses motivos aleatórios,
ele dizia que queria muito vê-la, e isso deixava o coraçãozinho dela apertado, apertadinho..

Que menina que ela era. Não sabia saber quando que as palavras diziam alguma coisa.
Susana, sem perceber, se apaixonou nele, pelo sarcasmo e pelo seu cheiro de malboro vermelho.

Esquece ele.
Susana, presta atenção no teu volante. Que a estrada, essa ainda é longa.

domingo, enero 10, 2010

contorno

Tássia voltava na sexta de uma semana puxada de trabalho. Estava trabalhando em Jacarépaguá e morava em Laranjeiras. Era cansativo e longo o trajeto, ainda que de carro.
Hoje, ao sair do trabalho, passando pela Ayrton Senna, Tássia colocava sua mão para fora para sentir o ar quente do Rio de Janeiro.
Na rádio o locutor avisava, será um final de semana ensolarado carioca.
Tássia sorria aberto, pois vive na cidade mais linda desse mundo.